E.D.U.C.A.Ç.Ã.O.

Aqui estou, prestes a iniciar o 7º período do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais e Suas Tecnologias da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Desde o primeiro ano do ensino fundamental estudei em escola pública, vivenciei inúmeras dificuldades, tais como: falta de material didático, falta de professor, falta de comida, papel, e qualquer outro instrumento básico de uma escola.
Apesar de tudo isso, estudei em ótimas escolas, onde professores faziam o máximo possível para garantir o acesso ao ensino, aquele previsto na Constituição. Minhas aulas sempre tiveram recursos extras, aulas de campos, atividades culturais, esporte e lazer… Muitos eventos com recursos próprios dos professores e dos pais. Achava incrível a forma como meus professores conduziam às aulas, tratavam os alunos, alguns tenho contato, outros são amigos em redes sociais, mas todos estão em meu interior. Com Rosemary e Karla aprendi a amar a Geografia e a História, com Bianca me sentia O PINTOR, Marlene me fazia escrever ótimas redações, e todos os outros professores que me ensinaram… O Alexandre, que na direção tinha uma forma incrível de comandar uma escola. A Escola Municipal Zuleika Nunes de Alencar foi de 2009 a 2012 minha casa, me recebendo todos os dias, me instruindo e me educando. Que saudades!
De 2013 a 2015 estive no André Maurois, a princípio fui pela fama da escola… Seus lanches (prioridade né mores?!), seu ensino e sua história. Preparado pela antiga casa, agora em um novo lar, pude desfrutar de grandes oportunidades, de conhecer pessoas incríveis. Rosita, minha professora de Geografia do primeiro ano, me fez ter certeza que era aquilo que eu iria cursar, Cabrera, o famoso Cabrera… O amigo dos alunos, o comuna da escola, odiado por muitos professores, me ensinou Filosofia e Sociologia.. ( Ótimo professor, mas até hoje não achou o diário da minha turma de 2014. kkkk) Thaís, por 2 anos me fez entender que até na química você pode usar regra de três, e que não é tão difícil quanto parece. A Cláudia era coordenadora, mas também minha segunda mãe, preocupada comigo, me alimentava todas às manhãs, eu só ia pra sala depois de passar na sala dela pra comer, me aconselhou, me presenteou com livros incríveis sobre História, conheceu minha mãe e minha irmã e continuou exercendo seu papel de segunda mãe até o meu último dia na escola. 
Ao longo da minha jornada como aluno de ensino básico público, muitas coisas me incomodavam, pra quem se lembra de mim, pra quem convive comigo, sabe que eu questiono e indago, conhecidíssimo nos COCs e nas direções pra reclamar. (Amore, 5 anos consecutivos sendo representante de turma) E assim foi até o fim do ensino médio, diante de tantos problemas eu estava sempre procurando os meus direitos enquanto cumpria meus deveres ( ou tentava, rsrs). Ainda no terceiro ano, 2015, tive a grande oportunidade de participar do Projeto de Ensino Cultural e Educação Popular (PECEP), de 18:30 às 22:30 estava lá, igual um zumbi nas aulas… Alicinha me fez entender física, Jéssica conseguia ensinar gramática da forma mais simples, Lessa com suas aulas incríveis de História Geral e a Ana Carolina me ensinando História do Brasil como nunca tinha visto. Maitê e Ramon não foram meus professores, mas o pouco contato que tive com eles foi enriquecedor! No final do Ano, fiz meu Enem, consegui entrar na universidade que queria e no curso que almejava: Geografia na Universidade Federal Fluminense. Ali estava na condição de primeira pessoa da minha família a ingressar numa Universidade Federal. Ao refletir todos os acontecimentos, entendi que a licenciatura estava dentro de mim, e acho que só eu ainda não tinha enxergado isso. 
Como um bom rodado que sou, vim parar no Sul da Bahia, na recém nascida: UFSB. Uma universidade usando uma linguagem e metodologia muito estranha: Ciclos, quadrimestres, Componentes Curriculares, Formação Geral, etc. Foi confuso, obviamente, mas consegui entender e me apaixonei. Aqui Conheci a Lu, sua função oficial era assistente operacional, mas Lu era uma mãezona, com sua sala que funcionava como um consultório, onde a gente desabafava todos os problemas do dia e ela dava seus conselhos, só faltava o divã… Além da comida, o café e biscoito.
O tempo foi passando e conheci professores maravilhosos. As Fabianas( Costa e Lima), Regina, Rosemary e Maristela. Cada quadrimestre aprendo com essas e com tantos outros educadores dessa instituição.
Na foto abaixo estou com Fabiana Lima, essa mulher carrega consigo uma força tremenda, é exigente sempre. Aprendo tanto com ela, abre meus olhos, tiro dúvidas por Whatsapp… A superficialidade com ela não tem vez! Além de professora é minha coordenadora no PIBID, que ao lado do Rafael Gama me preparam com a realidade nas escolas para ser um bom professor.
A UFSB é a universidade com o maior percentual de gastos, aproximadamente 54% do orçamento está afetado. Em seus 5 anos, ela está revitalizando a região sul e extremo sul da Bahia. Formando Licenciados e Bacharéis Interdisciplinares, com seu ensino humanístico e crítico, creio que esse é o maior causador dos opressores… A universidade que traz ao centro das discussões às causas dos grupos sociais oprimidos, a instituição que preza os ideais de grandes filósofos e educadores como Paulo Freire, incomoda, e farão o possível para romperem nossos sonhos. Nesses 2 anos aqui me tornei um ser humano melhor, e cada vez mais me apaixono pela licenciatura… Se esses cortes se concretizarem, serão meus sonhos escorrendo pelas mãos como o sabonete desgastado no banho. Temo meu futuro, esse que depende de um governo sujo e imoral. Cortar o orçamento da UFSB é acabar com todos os nossos projetos, nossas ações, nossas conquistas, nossa sobrevivência. 
Educação não é gasto é investimento, educação não se economiza se gasta ao máximo, para que no futuro sejamos todos seres capacitados e críticos. Porém é isso que nosso sistema opressor não quer, então precisam estruturar formas de nos manter na base, de nos manter dentro das favelas, nos interiores sem qualidade de vida e sem educação. 
Protestar neste 15 de maio foi de longe, protestar por várias gerações e pelas que virão. Foi mostrar a população que nós não somos vagabundos e maconheiros, somos cientistas, o futuro da nação. Nunca se viu um ato tão grandioso pela educação neste país, creio. 
A todos os meus professores e futuros colegas, muito obrigado por tudo! Essa luta é nossa, e não haverá governo que aniquile nossa sede de viver, criticar e estudar, continuarei erguido aos trancos e barrancos.






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