Salvador: Um passeio cultural.

A região sul da Bahia deixa a desejar quando se trata de cultura e arte, especificamente Itabuna, uma cidade berço de artistas reconhecidos Brasil afora, como Jorge Amado. Para termos uma boa complementação das aulas ministradas no CC, fomos a capital do estado, a fim de conhecer mais sobre a história local, regional e nacional. Envolvendo grandes nomes da arte nacional.
Iríamos passar dois dias na cidade, porém, devido aos problemas pessoais de alguns, foi prospoto que ficássemos apenas um dia, para não prejudicar os outros. Fomos ansiosos, animados, cantarolando no ônibus quase toda a madrugada. Apesar do cansaço da viagem isso não foi motivo para que a gente perdesse o entusiasmo. Chegando lá ficamos mais empolgados. Afinal, quem não se encanta pela conxeão entre o passado e o presente?
Salvador foi a primeira capital do país, ainda durante o Brasil Colônia. Era ali que todas as economias se movimentavam, saíam e entravam no território. Inclusive, os navios negreiros, que transportavam negros e negras, em condições deshumanas, para serem escravizados aqui. Mesmo com o fim da escravidão, em 1888, ainda assim houveram muitos que sofreram.
Particularmente, andar pelas ruas soteropolitanas e não lembrar da tamanha desgraça que ali ocorreu por mais de 300 anos é fechar os olhos para o racismo e escravidão. Pois, por serem negros essas pessoas eram ecravizadas, trabalhavam mais que o suficiente, por um prato de comida, eram torturados, como forma de castigo, e eram vulneráveis as doenças, já que tinham uma saúde péssima.
Passamos por algumas igrejas barrocas da cidade, com aquela arquitetura de deixar qualquer um boquiaberto, composta de variados elementos que pretendem dar o efeito de intensa emoção e grandeza. O teto elevado e elaborado com elementos de escultura dá uma dimensão do infinito; com janelas que  permitem a penetração da luz solar, destacando as principais esculturas.
Visitamos o Forte de Santo Antônio Além do Carmo, que após sua reforma, em 2006  passou a ser chamado de Forte da Capoeira, um local voltado para eventos culturais e artísticos, como a capoeira. Fomos recebidos pela Escola de Capoeira Angola, do Mestre Curió. Foi um momento de interação e aprendizagem por mais que tenha sido por algumas horas. Mestre Curió tem um humor que contagia.
Ele nos falou um pouco sobre sua trajetória  no mundo da capoeira, e, nos ensinou a diferença entre a capoeira  Angola, que traz a capoeira como uma dança raiz da  África, num rítmo mais lento; e a Regional que é mais voltada pra luta, com golpes inpirados em outros esportes de luta, etc.
Mestre Curió fundou  a Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos do Mestre Curió, em 1971, com sede provisória na Boa Vista de São Caetano. Começou a ser reconhecido no mundo, ganhou título de embaixador da cultura brasileira, pela Organização das Nações Unidas(ONU), menções honrosas, etc. Tudo isso foi o reconhecimento de uma pessoa que se dedica pela preservação da Capoeira Angola.
Atualmente o Pelourinho é um dos lugares mais visitados de Salvador, recebe milhares de turistas durante todo o ano, muitos inclusive são de países colonizadores e escravocratas. O bairro é formado por varias ruas estreitas, vielas e becos, cheio de casas que um dia foram moradia de pessoas com cargos importantes, como oficiais do exército, servidores públicos, médicos, e além de courtiços.
Na época colonial, essa área da cidade era onde os escravos eram castigados, uma haste de pedra, fixada no meio da rua, aos olhos de todos, envolvendo escravos que transitavam e os brancos que ali moravam. Chamado de pelouro, o que antes era um local de tristeza, torturas e mortes, hoje é um local atrativo, não apenas pelas casas coloniais, e as igrejas barrocas, mas também pela revitalização do espaço, com restaurantes, museus, etc.
Estar em Salvador e não visitar o Museu de Arte Moderna- MAM é como ir em Petrópolis e não visitar o Museu Imperial. O MAM fica no Solar do Unhão. Lá tem obras de artistas nacionais, como Tarsila do Amaral. Porém, quando estivemos lá essas obras não estavam em exposição. Então, conhecemos uma obra sobre um alemão.
Atualmente o MAM é dividido em três partes, o saguão, que é o Solar em si; a capela, que foi revitalizada para se tornar uma galeria; e no andar de baixo, uma sala com algumas pinturas. Além disso, aos Sabádos, de 18h às 21h, acontece um pequeno grande show, no pátio: "Jam no MAM". Um show de jazz, o som dos instrumentos parecem se encaixar com o pôr-do-sol, o Solar e o mar.
Pudemos observar uma exposição do alemão Hubert Fichte, "Implosão: Trans(relacion)ando" reunindo obras, fotos, em preto e branco de pés, de pessoas negras. Penso que ele queria destacar a simplicidade e ao mesmo tempo sofrimento, pois as pessoas em suas fotos tinham uma expressão cansada. Além disso, havia exposição a respeito da genitália masculina, talvez por ser um tabu ele utilizou essa ferramenta para quebrar paradigmas.
Essa viagem nos permitiu refletir sobre a valorização da cultura e arte, como um todo. A grande importância que tem, em estarmos sempre conectados as nossas raízes e estar sempre indagando obras, com a era digital e mudanças constantes há desvalorização dessas duas vertentes que compõem sociedades, e é necesário mantê-las para uma conexão real e sensibilizada entre nós.
                                             
                                                       
                                             
                                                      Teto da paróquia Santo Antônio






                                              Integrantes da escola do Mestre Curió.
                                                   Pátio do Forte da Capoeira.

                                                    Praça da Cruz caída.





                                              Solar do Unhão, MAM.

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